Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Imagem ilustrativa
Sala Carlos Lopes
Texto maiorTexto normalTexto mais pequeno
Os instrumentos de Embriotomia

Perfurador de colher de Hubert
Ver imagem maior
Cranioclasto de Simpson
Ver imagem maior
Perfurador craniano de Smellie
Ver imagem maior
(Fig. da esquerda)
Perfurador de colher de Hubert: Madeira, prata alemã e aço; séc. XIX; 7x55,4x3,5cm; Collin

(Fig. central)
Cranioclasto de Simpson: Madeira, latão e aço; séc. XIX; 7,7x38x2,6cm; Charrière

(Fig. da direita)
Perfurador craniano de Smellie: Aço; séc. XIX; 0,7x24x5,1cm
Os instrumentos de embriotomia tiveram uma larga utilização ao longo da história até ao século XIX dado que não se dispunha de outra solução que melhor salvaguardasse a sobrevivência materna em caso de morte fetal. Somente a partir do século XVIII a Cesariana começou a realizar-se com certa regularidade no vivo, visando o bem-estar fetal. Até aí a histerotomia efectuava-se na grávida após o seu falecimento servindo o seu leito de mesa operatória. Num período em que a dor, a infecção e a hemorragia constituíam adversários inultrapassáveis, a morbilidade e mortalidade per e pós-operatória eram constantes. O perigo da extracção fetal por laparotomia determinava o recurso à via vaginal, situação facilitada quando se estabelecia o diagnóstico de morte fetal. Partindo desta certeza o maior obstáculo à saída do feto por esta via constituía o polo cefálico por ser o seu maior diâmetro. Impunha-se a utilização de meios que reduzissem as suas dimensões fosse por esmagamento (cranioclasto de Simpson), fosse por perfuração seguida da exteriorização do encéfalo (perfurador craniano de Smellie), fosse por perfuração seguida de tracção (perfurador de colher de Hubert). Neste último instrumento de embriotomia o perfurador está acoplado a um cabo que por sua vez suporta uma haste metálica curvilínea. A forma escolhida para esta haste é a que melhor garante uma boa tracção a exercer através deste instrumento, dado que se teve em consideração a curvatura pélvica materna.

Pensar que R.T.H. Laennec (1781-1826), em 1816, inventa o estetoscópio - instrumento que determinou uma franca melhoria da auscultação toráxica - e que só mais tarde surgiram formas adaptadas à auscultação cardíaca fetal, cujas potencialidades se vêem hoje multiplicadas com a aplicação dos ultrassons, é imaginar as dificuldades que no período anterior existiu em se definir o bem-estar fetal e mesmo a sua vitalidade. Como bons clínicos que eram provavelmente as informações maternas acerca da presença de movimentos fetais e as características do trabalho de parto terão sido decisivas mas insuficientes para apoiarem uma prática que era irreversível.

Nestes instrumentos de uma era anterior à antissépsia/assépsia seria de esperar encontrar na sua composição os materiais orgânicos, os metais não ferrosos e ferrosos. A presença das marcas dos fabricantes nos instrumentos permite concretizar em que tempo exacto se realizou a sua manufactura.
Ir para o topo
Museu de História da Medicina Maximiano Lemos
© 2005-2006 FMUP    |    Ficha técnica