Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
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Professor Egas Moniz

Efígie do Professor Egas Moniz
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Autor: Vasco Berardo 73-74.
R/ António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955).
Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia, 1949, Neurologista, Académico, Professor, Político e Diplomata, foi o iniciador da leucotomia pré-frontal e da angiografia cerebral.
Autor de inúmeros trabalhos especializados, deixou ainda algumas obras literárias e foi brilhante orador.
Mod.79
António Caetano d'Abreu Freire Egas Moniz nasceu em 1874 em Avanca. Prestes a completar os dezassete anos de idade inscreve-se no curso preparatório para o acesso à Faculdade de Medicina de Coimbra. No ano lectivo de 1894-95 Egas Moniz ingressava no primeiro ano da Faculdade de Medicina. Em finais de Julho de 1899 obtém o grau de Bacharel formado em Medicina. No ano imediato adquire o grau de licenciado. O acto de "Conclusões Magnas" necessário ao grau de "Doutor" decorreu em Julho de 1901. Em 1902 (4-XII-1902) ocupa o lugar de lente substituto da Faculdade de Medicina de Coimbra responsável pela regência temporária da 1ª, 2ª e 3ª cadeiras. Aos 28 anos Egas Moniz era professor universitário e aos 35 anos catedrático. Muito cedo evidenciou uma necessidade de actualização médica constante e uma natural aptidão para as ciências neurológica e psiquiátrica. Em 1911, com a criação da Faculdade de Medicina de Lisboa, e da sua congénere no Porto, caminha-se para a formação de centros de produção científica dirigidos para uma progressiva especialização e ensino prático. Egas Moniz, ao ser nomeado regente da cadeira de Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina de Lisboa, recentemente criada, desenvolverá, por um período de trinta e três anos até à sua jubilação, um trabalho inovador como docente, investigador e clínico. Em Egas Moniz identificaram-se aptidões diversificadas que evidenciou em diferentes etapas da sua vida no seio da política e diplomacia nacionais e internacionais bem como na vasta bibliografia que dedicou à literatura e à arte portuguesa.

A vida de Egas Moniz decorreu na viragem do século XIX para o presente, num período em que se criaram os fundamentos da especialidade que professou e no seio da qual levou a cabo importantes investigações. Nomes como Moritz Heinrich Romberg (1795-1873), Guillaume Duchenne (1806-1875), Jean Martin Charcot (1825-1893) e John Hughlings Jackson (1834-1911) fundaram a neurologia moderna. Suceder-lhe-ia a geração de Egas Moniz com quem este cientista português aperfeiçoou os seus estudos e a quem teve a satisfação de apresentar os seus trabalhos e as suas descobertas científicas. A vinte e oito de Junho de 1927 realizou-se a primeira angiografia cerebral no homem vivo. Egas Moniz reconheceu no método um potencial de informação em termos anatómicos, fisiológicos, patológicos e de orientação terapêutica. Sabia que muito havia que investigar e optou por centralizar os seus estudos na angiografia cerebral de forma a garantir um maior saber aliado a um menor dano para o paciente. Estimulou outros especialistas portugueses a aplicarem a angiografia noutros sectores contribuindo para a criação da escola angiográfica portuguesa: Reinaldo dos Santos, Augusto Lamas e Pereira Caldas iniciaram e desenvolveram a arteriografia dos membros (1928); Hernâni Monteiro, Álvaro Rodrigues e Sousa Pereira foram os percursores das investigações de linfangiografia (1930) e Lopo de Carvalho, Almeida Lima e Aleu Saldanha iniciaram a angiopneumografia no estudo da tuberculose pulmonar (1931). Existia, até então, uma vasta bibliografia acerca da importante participação dos lobos frontais nas actividades psíquicas, fruto das experiências colhidas no seio da anatomia comparada e na clínica. Em Dezembro de 1935, por um processo de alcoolização do centro oval do lobo frontal, Egas Moniz auxiliado por Almeida Lima realiza a primeira leucotomia pré-frontal. Mais tarde, a secção directa substituiria a alcoolização. Em todos os centros neuropsiquiátricos esta intervenção cirúrgica teve maior aceitabilidade e vulgarização que a descoberta e aplicabilidade da angiografia cerebral. A obra científica de Egas Moniz no âmbito da doença mental recebeu o maior reconhecimento científico com a atribuição do Prémio Nobel da Medicina em 1949. A Faculdade de Medicina de Oslo atribuiu-lhe o "Prémio Oslo" pela descoberta da angiografia central e o trabalho subsequente que desenvolveu. Os prémios, as condecorações, as homenagens que este ilustre cientista português granjeou constituíram o testemunho temporal do reconhecimento público pelo seu contributo notável no progresso da Medicina.
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