Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
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Sala João de Meira
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João Monteiro de Meira (1881-1913) concluiu o curso da Escola Médico-Cirúrgica do Porto com a apreciada tese "O concelho de Guimarães (Estudo de Demografia e Nosografia)" em 1907 e acompanhou e enriqueceu as tradições literárias e médico-histórica do Ensino Médico portuense, ao nível de um Júlio Dinis (1839-1870) e de um Maximiano Lemos.
A Sala João de Meira lembra a vida docente e estudantil da Escola Médica do Porto. Retratos, caricaturas, objectos e documentos pessoais e institucionais dos professores da Escola Médica do Porto, entre os quais salientámos Maximiano Lemos, Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Júlio Dinis, 1839-1870), João Dias Lebre (1829-1900), José Carlos Lopes Júnior, Júlio de Matos (1856-1922), Tiago de Almeida (1863-1936), Hernâni Monteiro (1891-1963) e Abel Salazar (1889-1946) figuram em paralelo com as recordações dos estudantes. Entre estas cumpre destacar a colecção de pastas de quintanistas de Medicina bordadas a seda e cabelo pelas noivas, esposas ou mães, de fitas amarelas e vermelhas ou simplesmente amarelas cuja riqueza e diversidade dos adornos contrasta com a simplicidade e a homogeneidade das pastas dos anos lectivos recentes. Os livros de curso dos finalistas, os programas de festividades ou reuniões académicas, a colecção de fotografias entre outras recordações lembram a vida estudantil portuense.

Nesta sala do Museu figuram outras especialidades tais como a Dermatologia, a Otorrinolaringologia, a Anestesia, a Fisioterapia, a Cirurgia, a Cirurgia Cardíaca entre as mais representadas. Relativo à Dermatologia expôs-se uma diversificada colecção de modelos de cera representativos das diferentes lesões elementares de pele e uma série de fotografias de lesões dermatológicas raramente presenciadas nos tempos actuais dirigidas ao ensino. A Otorrinolaringologia e a Cirurgia caracterizam-se por uma grande variedade de materiais componentes dos seus instrumentos que se estendem desde os materiais orgânicos tais como a barba de baleia, o marfim, a tartaruga aos metais tais como a prata e uma diversidade de aços aos plásticos. Exemplos destes últimos materiais encontramos nos instrumentos de sutura digestiva automática e de laraposcopia. A maioria dos instrumentos de sutura digestiva e laparoscopia bem como de outros relativos à Cirurgia, pertença do Museu, faziam parte dos Serviços de Clínica Cirúrgica e Cirurgia I. Foram oferecidos ao Museu por intermédio dos Professores Amarante Júnior (n.1924), António Silva Leal (n.1931), Maciel Barbosa (n.1953), Silvestre Carneiro (n.1956) e Dr. Victor Cardoso (n.1929). Existem em exposição no Museu os instrumentos, os aparelhos e o equipamento que pertenceram ao Serviço de Clínica Médica, oferecidos por intermédio do Professor Tomé Ribeiro (1931) e Drª Manuela Frada (1930). Destes salientamos o nº 2 de série do Esfigmomanómetro de Pachon. G. Boulitte, Paris.

Um importante conjunto de instrumentos de Cirurgia Cardíaca e Vascular foram oferecidos ao Museu Maximiano Lemos pelo seu proprietário o Dr. António Maria Tenreiro de Morais e Castro (n. 1922).

Existem no Museu instrumentos cirúrgicos fabricados em Portugal, uns doados pelos clínicos ou seus familiares, outros pelos próprios fabricantes ou seus sucessores. Destes destacámos a Cutelaria Polycarpo, Manuel Valente dos Santos e a Casa "Mavas", as firmas Constantino da Costa Lopes e as Eugénio Pereira e Eurocitel e Manuel Nunes Antão. Acerca do fabrico nacional de instrumentos cirúrgicos destaque-se que data do período da reforma pombalina. De facto, o Marquês de Pombal (1699-1782) ao criar e estimular a Indústria em Portugal favoreceu e incentivou a montagem de uma cutelaria e a comercialização dos seus produtos da responsabilidade do artesão francês Jacques Dutoit, no Bairro dos Fabricantes das Sedas, no Rato, em Lisboa. Nessa oficina manufacturaram-se peças de cutelaria de reconhecida qualidade e variedade, tais como canivetes, facas, raspadeiras, navalhas, colheres, garfos, entre outras, de uso comum. Os materiais que integravam os seus cabos eram frequentemente o pau santo, o ébano, a madrepérola, o latão, a prata com fios de ouro, isolados ou em conjunto. Nesta fábrica ter-se-ão manufacturado instrumentos cirúrgicos comercializados em estojos requintados ao gosto da época. No século seguinte destacou-se António Polycarpo Baptista que foi agraciado com prémios e condecorações nacionais e estrangeiras pela qualidade e a inovação da manufactura de instrumentos cirúrgicos (Cutelaria Polycarpo, 1822). No século XX assistimos a um crescente número de sedes de fabrico nacional de instrumentos cirúrgicos tradicionais: O Instituto Pasteur de Lisboa (Anos 40), Manuel Valente dos Santos, a Casa "Mavas" (1947), Constantino da Costa Lopes (1942), A.J. Costa Irmãos, Lda. (1953), Eugénio Pereira (1955), Manuel Nunes Antão (1956) e a Eurocitel (1973).

As famosas máscaras de Ombredane e de Schimmelbusch respectivamente para ministrar o éter e o clorofórmio salientam-se entre outras com objectivos narcóticos semelhantes e pela sua grande divulgação na época. Os aparelhos e o equipamento de Fisioterapia distingue-se dos precedentes relativos a outras especialidades pela larga utilização de diferentes formas de energia na cura dos diferentes quadros clínicos.



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Museu de História da Medicina Maximiano Lemos
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